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Como serão as viagens daqui a 50 anos?

Passeios espaciais, fim do passaporte e foco na sustentabilidade estão no horizonte do turismo

O passaporte vai acabar, viagens espaciais serão realidade e turistas chineses tomarão o mundo até 2068. Ao menos são essas as visões de especialistas, convidados a imaginar as grandes transformações do turismo nos próximos 50 anos. Já o Brasil seguirá como “destino exótico” e coadjuvante no turismo global, projeta Mariana Aldrigui, pesquisadora e professora da USP (Universidade de São Paulo).



Nenhuma obra de infraestrutura que esteja sendo feita agora será finalizada a tempo de transformar o país em uma potência nesse intervalo, “por mais otimista que eu seja em relação ao setor”, diz ela. O que falta é pensar o turismo de forma integrada ao desenvolvimento do país, segundo a pesquisadora. Por exemplo, prever um terminal de passageiros em um novo porto ou já planejar as orientações do metrô em mais de um idioma. “É desenvolver junto, não no puxadinho”, afirma.


O turismo interno vai aumentar nos próximos anos, e, com seu fortalecimento, o Brasil atrairá mais vizinhos sul-americanos. Não deve conseguir, porém, se beneficiar tanto da onda crescente de viajantes da China, dos países do sul da Ásia e do norte da África.

O novo destino dos terráqueos será o espaço. Ainda não se sabe se contará com hospedagem. O que se desenha, por enquanto, são rotas para passeios de nave. Isso deve ocorrer em no máximo uma década, calcula Aldrigui. Em pouco tempo também a tecnologia vai transformar profundamente o setor, como fez nos últimos 50 anos. É difícil projetar meio século para frente, mas algumas mudanças já entram no radar. Para começar, o viajante pode ir se desapegando da coleção de carimbos no passaporte. O documento em papel deve ser substituído por versões digitais e biométricas —acessadas nos aeroportos por impressão digital, por exemplo.

Os vistos de entrada nos países serão concedidos de forma mais rápida, já que, com uso de inteligência artificial, ficará mais simples investigar o histórico do turista. Mas deve continuar existindo alguma formalização, sobretudo para o pagamento de taxas.


Assistentes digitais, acionados por voz, ficarão responsáveis por coordenar toda a viagem, segundo Marcos Swarowsky, diretor do Expedia Group para a América Latina. Isso significa desde buscar por tipos de hospedagem que mais têm a ver com o turista até se antecipar às necessidades dele. Por exemplo: quando o viajante desembarcar do avião, o assistente já vai solicitar um meio de transporte para levá-lo ao hotel —a essa altura, talvez um carro autônomo.

“As pessoas não vão mais ter que ficar toda hora pedindo tudo. A tecnologia já vai resolver e só consultar se desejam fazer alguma mudança”, diz Swarowsky, segundo quem essa mudança deve liberar o tempo antes gasto com planejamento para o viajante aproveitar o destino. Outra tendência será fazer uma pré-visita aos lugares por meio de realidade virtual, com o uso de óculos ou até de holograma. Assim, em vez de ver fotos do quarto de hotel, o turista vai sentir como se estivesse ali dentro. Isso também permite dar um pulinho de dez minutos em uma praia da Polinésia Francesa em dias de estresse.


Os robôs, que já estão sendo usados em hotéis, devem entrar com força. Mas Swarowsky não aposta em estabelecimentos sem funcionários humanos. “A interação entre pessoas vai continuar e ser mais autêntica, talvez por meio de um anfitrião”, diz.

O diretor do Airbnb no Brasil, Leonardo Tristão, também destaca a figura do anfitrião nos próximos anos. Ele aposta em viagens cada vez mais focadas em hobbies. Assim, prevê o crescimento de plataformas que possam conectar forasteiros e moradores locais com gostos parecidos. Emerson Belan, diretor da CVC, concorda que roteiros temáticos devem se expandir, mas ressalta o papel das agências de viagens em seu planejamento. “Em 50 anos, boa parte da população brasileira será de idosos exigindo, cada vez mais, serviços personalizados e de experiências”, afirma.


Outra tendência inevitável é a preocupação com a sustentabilidade, que deve frear a superexploração de destinos. Nessa mesma lógica, parques de diversões e atrações que usam animais também devem ser extintos.

“Os próximos anos serão pautados pela observação da vida selvagem como observação mesmo, sem envolvimento”, afirma Aldrigui, da USP.


Via: www1.folha.uol.com.br


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